terça-feira, 28 de julho de 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009



Há um buraco dentro de mim, onde me escondo da alegria. Num gesto involuntário e nada premeditado, mas quase mecânico, lanço-me no meu abismo de estimação. Detenho-me e percebo que já lá estava um certo estado de alma fazendo refugio numa cela aberta, sempre esteve lá à espera impaciente, como num estado crisálida depois do larvar, à espera que a borboleta rara tenha o tempo que merece. Estranho e até bizarro este lugar sem gente, não como uma madrugada tranquila, mas como alguém longe da festa e triste.
Flácido e desconjuntado de sentimentos e emoções recentes, vagueio longe da lógica consensual e desejo um caminhar controverso, é como carregar, não uma cruz, mas uma lápide para um jazigo existente em parte incerta, longe da glória dos homens. Enquanto um grito surdo ressoa mas entranhas de uma mãe ausente e um pai falecido e distante.
Álvaro Guilherme
20 Julho 2009

O CAMINHANTE

Viajante, caminhante por onde vais?

Agora já não és cavaleiro na multidão,
Já não procuras as ruas para te perderes.
Agora já sabes que tens um caminho a percorrer,
Que ainda não conheces, que ainda não reconheces,
Mas agora já sentes que tens um caminho a seguir.

Por isso não te percas em duvidas e incertezas,
Não hesites e usa-te do tempo que te é concedido.
Vai caminhante segue o teu caminho, segue adiante
Que esta viagem só pode ser feita por ti.

Não te deixes apanhar desatento
Nesta estranha jornada da vida,
Que por vezes tanto nos faz sofrer
Duvidas, medos e incertezas.

Lembra-te que por vezes
Todos temos que percorrer
Caminhos bastante bizarros
Para encontrar as respostas.

E que existem sempre duas verdades,
A da mente e a do coração.
Quando estas colidirem
Não te percas no caminho.

Pergunta então ao mestre
Qual o caminho que deves seguir
E ele indicar-te-á o horizonte infinito
E dir-te-á para voares.

Por isso vai, vai
E usa-te da tua aura, ela é o teu escudo.
E a tua espada é a lei da natureza
E a tua natureza é lapidada pela lei!

A tua natureza é a verdade da luz
E o Deus universal é a tua armadura!

Sabes que não é fácil o peso do caminho,
Essa dor, essa força que te empurra.
Mas escuta a voz do coração
E segura-a na palma da tua mão aberta
E arrisca na fé e na esperança
Que o amor é o teu estandarte exibido.

Esta é a tua viagem,
Se quiseres vai buscar
O que é teu por direito.
Aceita a tua graça! Salva-a...

E com a força de um grande rio
No seu percurso da nascente até à foz,
Crê naquele que te dá asas
E te guia em direcção à liberdade.

Só existe um senhor a quem servir.
Apenas um, sabe fazer vergar a tua vontade!
Por isso não desistas, não cedas ao poder da normalidade,
Não queiras assistir à destruição, do teu ser interior.

Porque o gume da espada da traição continua afiado
E o mesmo sangue e fraqueza corre nas tuas veias,
Chegou agora o teu tempo, a tua hora de enfrentar o mesmo mal,
Mas tu derrotá-lo-ás, porque as sombras não têm poder sobre ti.

E quando pensares que chegas-te finalmente a bom porto,
Pára, medita e escuta o teu coração contente, sente, sente,
Sente todo o caminho que ainda tens pela frente,
Sente a plenitude, de quem se encontra finalmente!

Não te percas em murmúrios e lamentações
E lembra-te, que apesar de seres só mais um és importante.
Por isso vai, segue adiante o teu caminho, essa jornada
E não te deixes jamais dominar pelo medo. Enfrenta-o!

E depois, procura encontrar-te na paz e na serenidade
Sabendo que por vezes, a estrada não é o caminho mais fácil,
E que o coração é sempre a melhor escolha para quem sabe
Que o seu destino é a luz eterna, que ilumina o caminho e não engana.

E se houverem grandes intempéries e a tua mente te atormentar,
Quando os mares, os rios e as montanhas te quiserem derrotar.
Pára! E procura abrigo na tua humildade, senta-te numa pedra do caminho
E descansa. Dorme repousadamente que amanha caminharás, renovado.

Não deixes desanimar o teu coração cansado,
Porque sozinho à luz do fogo e ao luar, decidirás
Qual o caminho que deves tomar pela manha.
E saberás ler, o que está gravado no teu coração como fogo
E terás a certeza desse lugar onde nunca estiveste antes.
O caminho do sol, que renova os dias e que não conhece as trevas...

Medita na natureza das coisas simples e verdadeiras
E diante de ti erguer-se-ão mundos, templos e catedrais.
Contempla a oferta fantástica que te foi feita pela existência,
E aceita-a com espanto, inocência e surpresa de criança
Que sabe, que a verdade está contida no momento, sem saber.

Assim e por isso não julgues os outros nem os questiones,
Mas sabe, que outras forças agem neste mundo alem da tua vontade
E que não te cabem a ti certas decisões, mas apenas te deviam do teu caminho.
Lembra-te! Tu somente deves saber o que fazer, com o tempo que a vida te concede.

Tu tens um papel a desempenhar antes de terminar tudo isto.
Deves resolver esta charada e decidir qual é a tua estrada.
Se for preciso arrisca um novo caminho e cumpre com o teu destino!

Mas se o inimigo estiver alem das tuas forças, foge!
Salva a tua vida que é o bem mais precioso, o teu tesouro.
Corre! Alcança a ponte mais próxima e conduz o teu destino.
Salva-te e escuta o canto de alegria do teu coração...

O inimigo não passará! Ele não te seguirá no teu caminho rumo a casa.
Esse herdeiro das trevas há-de voltar para as sombras e sucumbirá a si mesmo,
Porque tu és o guerreiro secreto, possuidor da chama eterna do amor
E não fumarás com ele o teu cachimbo da paz, esta noite, junto à fogueira.

E depois, se a tua dor for recente, descansarás e dormirás tranquilo nessa noite
Sabendo que a esperança perdura enquanto houver amor no coração,
Sabendo o quanto é sensato, ouvir as advertências do coração, ao contrario da loucura.

E se acordares de madrugada ainda cedo. Sente!
Sente a sede e a fome de chegar e de alcançar
Crendo no Deus único que te protege de ti mesmo.
O Eu Sou Aquele Que Sou, Que Tu Também És
Centro Vital de Energia Cósmica Universal.

Apresa-te então a reunir as tuas poucas coisas
E deixa rapidamente o espelho que reflecte
As memórias do passado e as ânsias do futuro
E aceita a dádiva do presente puro, como o orvalho da manha.

Ninguém sabe o encerra o amanha...

Não deixes a mente corroer o coração!
Por vezes, todos temos que deixar coisas para traz,
Para ir mais adiante e tentar chegar mais alem.
Lá, onde descansa a verdadeira amizade tranquila.

Todos devem deixar esta vida um dia...
Por isso luta guerreiro pela tua vida
Com bravura, coragem e valentia!
Crava a tua espada no estômago do mal
E terás paz no momento de deixar esta vida!

Quando for chegada a altura
Em que todos te olharam
Com respeito e saudade.

Quando enfim vires a luz,
A mais bem amada estrela.
A outra luz que te há-de ser oferecida par usares
Quando todas as outras luzes se apagarem...

A mesma luz que faz faltar as forças aos que te perseguem.

Por isso não te percas nas coisas pequenas dos outros,
Mas aceita a tua vida e crê, que todos os teus passos te conduzirão a casa.
A esse lugar que desde o principio te espera, pleno de paz e amor.

Suavemente.
Passo a passo, se faz o caminho no momento presente.
Segura a tua vida na palma da tua mão aberta e vai!
Deixa que o teu caminho passe também por dentro de ti
E segura o teu destino, porque é essa a tua razão.

Vai,
Rema
Rio abaixo
Rumo ao mar
E alcança a coroa da vida. Vai...


Álvaro Guilherme
22-23-24 Setembro 2002

sexta-feira, 17 de julho de 2009

That´s the way I like it


AVÉ...

Bendita seja a luz divina que me guia.
Bendita seja a Nossa Senhora do Silêncio.
BENDITO SEJA O SAGRADO CORAÇÃO DO AMOR.
Bendito seja o Pai, O Filho e O Espírito Santo.
Bendito seja Eu, sejas Tu e Todos Nós.
Bendita seja a Santa PAZ, e o Equilibrio Estável,
Bendita seja A Nossa Senhora da Verdade e da Harmonia.
BENDITO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Avé Esperança cheia de Graça,
A fé É conosco, bendito É
O Fruto do Vosso Ventre
Vida da vida entre as mulheres
JESUS.
SANTA MÃE NATUREZA
ROGÁI POR NÓS VENCEDORES,
Agora e na Hora da Nossa Morte.

Álvaro Guilherme
21 Agosto 2003

UM DIA EU SEREI


ORAÇÃO




ORAÇÃO

PAI NOSSO:

Que estás em mim
E eu em Ti,
Que Estás em Todos
E Todos Estão em Ti.
Que Estás em Tudo,
És Tudo. TUDO ÉS TU...
E TUDO ESTÁ EM TI...

QUE ESTÁS NO CÉU

E o céu está em mim.
És o Princípio, O Meio e O Fim...
ÉS O CICLO ETERNO, QUE TAMBÉM SOU
Faz de mim um instrumento consciênte
Na obra e no plano da Criação.
FAZ DE MIM A TUA ORAÇÃO
POR AMOR DE TUDO E DE TODOS,
Faz de mim a salvação.

SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME

Assim como o meu e o de toda a Criação.
Santos sejam todos os instantes, que já o são,
Plenos de Dádiva, Amor, Perfeição e Perdão.
Santificado seja o meu coração em Abundância,
Purificado pela meditação e Oração
Preenchida de conhecimento, Sabedoria e Satisfação.

E NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO

Dos nosso pensamentos e fraquezas,
Das nossas mentes doentes e em dor.
CURA COM O TEU AMOR AS NOSSAS VIDAS
E dái-nos Mestres que nos guiem
E que nos ensinem a escutar e a caminhar
Rumo a Ti, Nosso Pai, Nossa Salvação.

MAS LIVRAI-NOS DE TODO O MAL

Criado por nós mesmos.
Protege-nos de nós mesmos
Com o teu Manto Sagrado,
Com o teu Santo Nome.

EM NOME DE JESUS CRISTO
E DO DIVINO ESPÍRITO SANTO,
EVOCO O NOME DEUS GEOVÁ,
COM PURA DEVOÇÃO E GRATIDÃO.


Amo-te, Amo-te, Amo-te, Amo-te, Amo-te!
Amo-me, Amo-me, Amo-me!
Amo-vos...Amêm!

Dia 11/12 de Julho de 2006

Álvaro Guilherme
Anjo/Guerreiro
Ao seviço do Criador

CORES DIFERENTES


Pai nosso que estás no céu,

Venha a nós o vosso reino

E seja feita a vossa vontade

Assim na terra, como no céu.


O pão nosso de cada dia nos dái hoje,

Perdoái-nos as nossas ofenças,

assim como nós perdoamos

A quem nos tem ofendido

E não nos deixeis cair em tentação,

Mas livrái-nos do mal.


Pois vosso é o Reino, a Honrra, a Gloria

Para sempre. Amem!


Assim sou. Quando quero pensar, vejo. Quando quero descer na minha alma, fico de repente parado, esquecido, no começo da espiral da escada profunda, vendo pela janela do mar alto o sol que molha de despedida fulva o aglomerado difuso dos telhados.

in

Livro do desassossego

quinta-feira, 16 de julho de 2009



No coração de cada um de nós
Encontra-se a mais sublime dádiva,
Suprema realização da humanidade.

terça-feira, 14 de julho de 2009


Absurdo o meu corpo despido
Deitado enquanto sinto que existo,
Sobre uma laje de xisto aquecida
Ao sol enquanto a lua é desmentida.

È um calor que penitencia e purifica
A minha pele macia e volátil ao tempo
E que me dá a certeza de jamais sentir
A fria pedra de uma morgue esquecida.

As ondas cavalgam em minha mente
Desenganada por si mesma, em ultima instancia
E o mar, do infinito de não ser imortal
Faz falar os seixos, que rolam na orla
E entoam uma doce e sinistra canção.

Vem! Vem, mas não tenhas pressa
Que eu sei esperar pela única e certa hora.
Onde terminam os anjos, fantasmas
E todos os caminhos, de onde nunca ninguém voltou
Para contar historias de embalar e de enganar.

Serei um dia o branco mármore duma sepultura
Onde eu quis escrever um poema de amor,
Lapide de mim mesmo vulnerável a erosão do tempo
Num cemitério suspenso dentro de outra realidade.

Jazigos e funestas imagens virão visitar-me
Sem olhos para me ver nem eu a elas
E virgens de terracota mal feitas e desajeitadas
Gritam ocas para dentro de si mesmas
Pelo filho pendurado na cruz á dois mil anos que sou.

Flores, muitas flores... as pétalas de todas as flores
De todos os funerais de mim mesmo a que assisti
Espalham-se com o gélido vento do Inverno em mim
E vêem cobrir os meus pés, mãos e rosto, em forma de sol-posto
Enquanto o corpo é lavado pelas lágrimas das alegrias que vivi.

Lívidas liturgias indecifráveis e reclamadas aos clamores
Dos que gritaram por um deus no qual nunca acreditaram,
Ressoam ainda deambulantes pelas catacumbas do ser incrédulo
Que se quer esquecer, de todas as vidas passadas e rebuscadas
Para assim se diluir nas chuvas, que correm para o mar do esquecimento.

Pérfidas orações de freiras grávidas de secretos remorsos conventuais
Permanecem, fingindo olhar para aqueles que não conseguiram ser sacerdotes,
Gritando e gemendo como carpideiras, no velório do que fui na solidão de mim,
Enquanto num derradeiro e heróico esforço tento alcançar a imortalidade
E assim verifico que continuo sem saber quem sou, para onde vou e de onde vim.

Álvaro Guilherme
13 Novembro 2008

sábado, 11 de julho de 2009

Ficaram-me impregnados na memória
Os passos que demos lado a lado.
Lembras-te do amor que fizemos
A cada passo dado?

Foram passos iluminados de paixão,
Caminhados no coração.
Foram tapetes de pétalas para os pés
Enquanto palmilhamos de lés a lés

E nós, com olhos de mar e braços de rio
Damos passos apresados de deserto frio
Em nossos corpos de sonhos ardentes.
Brindamos a paixão, com um sabor diferente...

O nosso chão...
E assim, a cada passo dado,
Passamos por nós passado...

E o nosso cheiro ficou na ceara
Que fomos
Aquando do nosso primeiro beijo...

Oásis no deserto do desejo...
E voltávamos sempre ao início
Principiando a sós.

Em nossos passos dados
De sonhos desencontrados
Em espaços de beijos amordaçados

E passamos a passos largos
Pelo amor em falso, descalços
Direito ao centro da dor.

Passos passageiros e ligeiros
De torpor e dano de si passos
No momento dos descompasses.

Álvaro Guilherme
16 Maio2009
Em nosso amor
De duas árvores
Lado a lado
De ramos entrelaçados
Assim plantados
Por obra do acaso,
Viverão nossos espíritos,
Depois de nós.

Imóveis e persistentes
Seus seres gémeos,
Amando e protegendo
De copas largas,
Num frondoso encontro,
Mais que fotossíntese,
Pleno de luz e abrigo
Á vida que somente é...

As duas crianças que somos,
Brincaram aos xamãs
E descobertas lusas
Perto de um riacho celta,
Á nossa sombra...

Álvaro Guilherme
05 Junho 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O teu beijo é a minha febre, O teu amor é a minha fome.Não há nada em segredo que não venha a ser exposto. A minha fome é a tua, a minha sede é a tua.
O teu beijo é a primeira e ultima coisa que eu quero Ser.
E a minha fome é a tua fome...de Amor!
Amor, Amor, Amor, Amor, AMOR...

Caminho de S. Tiago


O tempo não tem tempo...
Caminho central português,
Almada, Fátima, Santiago.
Três santuários:
-Porta de Casa-
-Santiário do Cristo Rei-
-Satuário de Fátima-
-Catedral de Santiago de Compostela-
-FINISTERRA-


O peregrino do tempo
Palmilharia a terra
Por eras e vidas
Para te encontrar...

Parece-me agora
Não ter tempo,
Neste caminho
Que segue para terras
Eternas...não há tempo.

Parecem maiores
Os meus dias
E breves as noites,
Pelas longas horas
Sozinho
Com o meu povo.

Mas o tempo dos homens
Só é fiel a si mesmo

7/8 do 7 2009
Álvaro Guilherme

Metamorfose



Primeiro tive medo,
Fiquei petrificado
Pensando que nunca poderia
Viver sem ti ao meu lado,
Mas depois passei tanto tempo
A pensar no mal que me fizeste
E cresci forte e aprendi a preocupar-me.

Recua, ao meu ataque...

quinta-feira, 9 de julho de 2009



Descansa o meu olhar num bucólico sentimento
Da paisagem que adormece pelos céus em movimento,
É o resto de qualquer coisa que chega ao fim por um instante
De tempo, em que o ser entorpecido, quer guardar como um amante.

Repousa a minha alma no momento pelo seu preenchimento
Ao contemplar tal maravilha que acontece sempre por dentro
Quando o ser a divagar busca ao redor algo diferente
E o tempo quer parar para abrandar a minha mente.

Deitado nessa calma e embalado pelo vento
Dou por mim agradecido pelo amor que me é dado
E deixo o fado para trás e abraço o contentamento.

Já não está lá o que esteve, nem sei se estará o que há-de estar,
Mas a semente persistente permanece vibrante e constante,
Em momentos que o tempo tem por capricho e avante segue adiante.


23 Abril 2008
Álvaro Guilherme

terça-feira, 7 de julho de 2009

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM (O.N.U.)


Ao iniciar a leitura dos direitos da O.N.U., verifica-se de imediato que estes Artigos postos na prática como estão à letra, resultaria numa feliz receita, para muitas das maleitas e grandes feridas da humanidade. Desde que a Declaração Universal foi elaborada, tem-se assistido a inúmeras violações destes Direitos do homem.
Logo no Artigo nº1 que passo a transcrever: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade, torna-se evidente que as disparidades sociais de nação para nação, são por exemplo, muito condicionadas pelos valores religiosos, interesses económicos, políticos, etc.
Na realidade as diferenças de cultura e de educação são abismais entre os países chamados desenvolvidos e países de terceiro mundo. A verdade é que os desperdícios alimentares do ocidente (diários!), suprimiam a fome em Africa. A poluição ambiental exercida sobre o planeta tem efeitos devastadores para todos, isto é, para os que lucram economicamente com as industrias e tecnologias poluentes e para a grande maioria dos cidadãos, que com isso apenas ganha emprego por questões de sobrevivência, muitas vezes levando uma vida perfeitamente insatisfatória e muito pouco saudável.
Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros com espírito de fraternidade. Bonitas palavras, sem dúvida, mas a realidade é bem mais cruel. Quando assistimos em directo pelos meios de comunicação a guerras umas a seguir às outras e vemos com olhos de distância o sofrimento de inocentes, sendo bombardeados pelos que fazem a guerra em nome da paz. Guerras religiosas santas, politicas, económicas, territoriais, ou apenas por afirmação de supremacia, são toda uma só grande guerra que move uma indústria de armamento. Esta devora milhões e milhões de euros/dólares e mata mais inocentes do que aqueles que realmente são o alvo. Além disso estas verbas sendo investidas, por exemplo em investigação cientifica, para a descoberta de curas para as doenças e epidemias que assolam a humanidade, ou para vacinação e primeiras necessidades dos habitantes de países subdesenvolvidos, resolveriam parcialmente o problema.
De facto, saúde, alimentação higiene, habitação, educação e trabalho são os alicerces da dignidade humana. O direito de um ser humano se sentir igual ao demais é uma dádiva da criação que o homem não aprendeu a respeitar e por isso se assiste a uma competitividade doentia na nossa sociedade, pelos mais diversos aspectos. As pessoas atropelam-se umas às outras, agindo quase inconscientemente e demonstrando uma irracionalidade que faz equacionar o quão evoluída está a raça humana.
Ao discorrer sobre todos os direitos do homem, sente-se um nó no estômago por todos aqueles que neste preciso momento sofrem as atrocidades mais barbaras, exercidas por minorias que detêm o poder e esmagam literalmente maiorias indefesas e que se vem obrigadas a abandonar as suas terras natal por motivos de perigo eminente de vida, muitas vezes, depois de terem assistido ao assassinato de entes queridos “Todo o individuo tem direito à vida, à liberdade pessoal e á segurança pessoal” isto é paradoxalmente irónico e até mesmo bizarro perante a triste realidade de grandes massas humanas que sofrem.
“Ninguém será mantido em escravatura ou servidão…” a verdade é que em pleno século XXI, ainda há literalmente escravatura, veja-se o exemplo do trabalho infantil, ou das crianças que se vêm obrigadas a mendigar para sustentar a pobreza da família, etc. A maioria das pessoas no nosso pais, por exemplo, sente e vive grandes lacunas a vários níveis humanos, essenciais à dignificação da raça humana: o direito ao emprego com um ordenado digno, de forma a suprimir as necessidades mais básicas e outras regalias que qualquer cidadão deveria ter direito. Dentro deste aspecto, o direito à segurança no trabalho, não só em termos pessoais e físicos mas igualmente em termos sociais. Ainda a estabilidade em relação à reforma, é um problema que deixa muito poucos descansados e se tal acontece o cidadão idoso vê-se confrontado com a discriminação existente em relação aos anciãos.
Poderia discorrer páginas e páginas sobre este assunto que nada mudaria na impotência que muitos sentem ao reflectir sobre estes aspectos, mas de facto faz alguma diferença a nossa atitude pessoal em relação a estes aspectos e muitos outros que aqui foram omitidos.
Ter pena não ajuda ninguém, é preciso acção!

Álvaro Guilherme
06 Julho 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009



De alma nua e expressão rígida,
Existência crua e vida frígida...

...é o que eu vejo
Quando olho a tua imagem
Reflectida
Numa fugaz vitrina de rua.

Denota-se agora algo maduro,
Uma imponderada ânsia enraizada em ti
E, já nada vejo, daquilo que um dia vi.

Morreu a criança, mas eu perduro...

...até quando,
Um intermédio
Entre nascer e morrer?
Um ser dividido
Entre o prazer e o sofrer.
Até quando?

Álvaro Guilherme
16 Março 1999


A palavra certa
Dita na altura errada
É como uma chicotada
Dada na ferida aberta
E infectada.

domingo, 5 de julho de 2009


Há dias em que passo por mim distraído, não querendo ver quem lá está, virando a cara a quem sou e nesses dias de alma dorida procuro em vão fugir de mim, refugiando-me na minha solidão. Sinto esta solidão como uma protecção onde anestesio o sentir ficando ausente, querendo passar despercebido de mim mesmo. Susceptível e muitas vezes vencido por mim, rejeito olhar para o mundo e fecho-me numa armadura apenas penetrável, mas com dificuldade, pelo amor.
Nesse estado de aparente ausência de tudo, como numa caverna refugiado, fico divagando pelo espírito em busca de referências e direcção com uma vontade típica de ir para qualquer lado desconhecido, mas não querendo sair da inércia. Paradoxo labiríntico de mim perdido por tempo indeterminado.
Retendo o meu lamento inaudível, deixo passar os instantes como se estes fossem garantidos e nesta surdez ou cegueira, dou-me conta que tudo se passa dentro do meu querer e vontade doente. Pela disfuncional aberração em que me vejo inserido nesta sociedade devoradora, como para um matadouro, onde entram homens por um lado e saem chouriços por outro, prontos a consumir, perfeitamente descartáveis preferencialmente. Carne para as feras famintas e enjauladas em si, num mundo redondo onde o ponto de partida é o ponto de chegada e o percurso é o nada vazio de sentido.
Com uma sede imensa e utópica fico desmentido de mim e dos sonhos, apenas desperto neste sono global, estado generalizado por uma sobrevivência muda, por opção. Diluído na maré humana dos gestos inconscientes, sinto-me como um espectador inerte na minha cela de estimação, olhando a vida ao largo num imenso oceano de sentimentos e emoções como um barco ao sabor da corrente depois de ter percorrido o meu rio e de me ter desviado do meu estuário, ficando vulnerável às intempéries, sob o céu inalcançável que sou.
Toda a minha fome é de devoção pela fé que me salva de mim mesmo, incrivelmente nas circunstâncias mais adversas. Eu Mestre de mim. Uma devoção controversa por um Deus que desejo conhecer e que mesmo sabendo Estar em tudo, sinto uma vontade plena de revolta sem ódio de Lhe virar o rosto, pela dor sentida que ninguém parece ver, mas apenas Ele. Como se fosse possível ser eu coroa de espinho ou cruz, sabendo que sou ressurreição, menosprezo a eternidade por alguns momentos de satisfação imediata. Como uma musica, pintura ou qualquer outra expressão de arte onde o artista tenta ser poema criador de uma inovação inconsciente, num espaço só seu, perscrutado os sentidos em busca de algo Maior. Com um romantismo religiosamente estúpido fico como uma catedral que guarda umas relíquias velhas e duvidosas como se fossem sagradas, quando nem a catedral ou relíquias vão além da tentativa humana de tocar o intocável e assim ruindo ao sabor de séculos e séculos de uma imaginação iludida por um deus pintado num teto abobadado ou escrito e deturpado por milénios de interesses manipuladores que estão aquém da verdade, não passando de conceitos e impressões de artistas líricos, loucos e excêntricos de solidão.
Querendo ignorar que eu sou o altar de tudo no mundo e que por mais que corra para lado nenhum pensando sem direcção, termino sempre no principio que tudo acaba irremediavelmente em mim. O meu coração é a única voz que pode desmentir esta mentira da mente mentirosa, quando irrompe com uma voracidade corrosiva a querer sentir toda a existência como uma enorme ressaca.
Na tentativa de me salvar de mim mesmo, pergunto-me se estou contente com a vida que tenho? A resposta é sempre a mesma, por entre humildade e gratidão, por entre amor e desamor, apresenta-se sempre latente o desejo de chegar mais além...uma impressão de ser maior do que me deixam ser. Quem? Todos aqueles a quem responsabilizei e culpo por não me deixarem ser Santo entre Santos, no santuário que sei que a vida é.
Não há geração, civilização ou mundo que subsista ao poder renovador do Criador, na sua dádiva. E eu apenas sou uma fonte Sua, tentando saciar uma sede apenas minha...pois tudo que sinto é resultado de uma não-aceitação, do perfeitamente aceitável por natureza. Eu! Se eu conseguisse alcançar a compreensão do incompreensível, se eu conseguisse ir além de mim mesmo e de ser como os meus desejos me impõem que seja. Se eu conseguisse ser “normal”! Assim, mergulhado neste vazio, não aceito o apelo de perscrutar o vácuo dentro de mim e perco a oportunidade, de olhar nos olhos de Deus e apenas ser com Ele quem sou.
Sei que no meu silêncio existe o potencial para a sinfonia mais sublime e que dentro da minha escuridão humana há uma luz que parece eterna, mas o grau de dificuldade em relação ao apelo da vontade de parar e ficar quieto sentindo à beleza de Tudo, dentro de mim, é sempre sondado pela duvida a assombrar as minhas aparentes certezas. Enquanto as incertezas se vão disseminando como uma erva daninha no jardim do meu ser, fazendo com que a vontade se banalize em algo supérfluo, questionável e eu não passe de um Jardineiro que arduamente mantêm todos os jardins que não são seus.

Álvaro Guilherme
05 Julho 2009


Hoje fui um mar, aparentemente temperamental aos caprichos do vento moderado/forte de Verão. Fui um mar ondulando na superfície de si mesmo, enrolando e encrespando um azul céu que não é azul, mas incolor.
Senti as golfadas das ondas empurradas por uma força que não é sua e lançadas sobre o meu corpo despido, na mesma praia de sempre.
Dentro de mim latente imperava o subtil desejo de lançar a minha luz sobre os homens e ser o Sol, assim como o tempo/medida parece ter governado desde sempre a ilusão nos olhos dos homens.
Então vi, que era apenas o vento a agitar tudo o que via e impelindo tudo ao redor do meu querer. Transparente e invisível, Aquele que tudo toca e permanece intocável, assim como a existência parece limitar a vida na sua condição mortal, senti-me apenas dentro daquilo que existe, como um quadro impressionista da eternidade.
Eu, quinto elemento, reunindo em mim a terra, água, ar e fogo como o universo reúne em si todo o mistério daquilo que não posso entender, mas somente perscrutar, intuir e sentir.
Eu, o brilho espelhado da luz fecunda de um destino desconhecido, sobre um mundo superficial de cores resultantes de um branco alvo, reluzente e luminoso. Com esplendor de aura.

Álvaro Guilherme
04 Julho 2009



Deixo-me para trás
E avanço,
Num espaço que
Não é meu.

Sigo em frente onde jaz
O meu alcance
E com mais um pouco de fé,
Até o céu se me empresta
Por um instante...

Momentaneamente...

Eternamente
A verdade, se eu quiser
Faz-se presente
E a vida entrega-se
Nas palmas das minhas mãos.
Completamente
No meu enlace

Como um fio de cabelo,
Ou o camelo
A passar pelo buraco
Da agulha...

O caminho do meio...

A verdade
Na boca de uma criança,
E a eternidade
No olhar

A acreditar, inocentemente
Na inocência...
A essência do tempo.

Álvaro Guilherme
14 Janeiro 2009


sexta-feira, 3 de julho de 2009





O tempo não tem idade.
O passado, não tem história,
O futuro não existe
E o presente é a única realidade.

quarta-feira, 1 de julho de 2009


Fui sonho antigo
E porto de abrigo,
Fantasia, fetiche e realidade.
Fui busca intensa
E de aparência fui verdade.

Se fui azar ou sorte, não sei.
Mas fui teu amigo!

Fui salvador em ti naufragado
E por mim salvo na hora do perigo.
Mas não sei se fui tudo o que quis,
Nem sei se sei isto que digo.

Fui fluir assim do nada para ti,
Fui sensação resgatada, no que senti.
Mas não sei se deveria, tudo o que fiz,
Nem sei se acredite em quem me diz.

Fui a força maior de ser amado,
Fui aquele que quis ser, o teu maior amigo.
Mas não sei se não serás o meu castigo,
Nem sei se acredite, que me queres fazer feliz...

Álvaro Guilherme
09 Fevereiro 1998




O silêncio
É o princípio
De todas as melodias.


E u sou como o areal, naquela praia,
Feito de pequenos fragmentos de cosmos.
Sou como o vento a ondular nos cabelos,
As pegadas deixadas na areia
Ou as conchas recolhidas pelas mãos...

CONSTELAÇÃO


I

1 Sou o areal de pequenos fragmentos geológicos
2 Como um átomo no cosmos sou constelação mítica
3 Místico do amor a ondular nas folhas de um livro
4 Descobrindo ao vento as pegadas que o mar apaga
5 Descontinuando as conchas, búzios e pedras como tesouros
6 Recolhidas pela união das mãos numa harmonia apática
7 E meus fragmentos dispostos nos céus da imaginação. Constelação...

II

1 ...mas também realizo o centro, o eixo, o circulo e o ciclo
2 E represento a verdade dúbia do ser-se no estado mais natural
3 Dos opostos que em seu extremo se tocam unindo-se e fundindo-se
4 Cumprindo assim a unidade inerente em tudo o que é.
5 Porque tudo é nada sem perder qualquer integridade
6 E a integridade, não é senão algo perpetuo em mutação.

III

1 Sou os céus regozijando pelo magnetismo que a vida é
2 E o amor celebrado nos sexos fundidos em procriação,
3 Mas também a atracção pelo igual, simétrico, inteiro
4 A explorar o corpo físico do outro, em busca de si mesmo
5 Enquanto o ser permanece incomensuravelmente distante,
6 Mentalmente separado da sua génese, mas parte integrante do mesmo.

IV

1 Ás vezes escondo-me em segredos, abismos e buracos negros
2 Querendo conscientemente não reconhecer a consciência que sou,
3 Mas verifico em mim a mesma luz de sempre. Luz que não é luz, mas é...
4 Transparência que separa os paradigmas invisíveis e indivisíveis,
5 Unindo-os na inconsciência sagrada das necessidades do espírito
6 Alianando as fronteiras, pelo que não são, nem nunca foram.
7 Representações de verdades em formas e conceitos, diluídos de si.

V

1 Por isso acabo sempre principiando reunido dentro de mim
2 Á procura da experiência do que já conheço e sou
3 Fingindo uma distancia que não há, manuseando o que fui e serei.
4 Não tenho razões ou pecados como feridas, nem filosofias acerca do que não sei,
5 Mas apenas sei que sou, sinto e existo numa contradição polar da mesma coisa,
6 Celebrando o ritual da escrita indelével a querer permanecer após o homem
7 Aparentemente inconsciente, não reconhecendo que o tempo é diferente, para o poeta e para o poema

VI

1 Por isso sou a imensidão dos grãos de areia no deserto, pelo único oceano que já fui
2 E sou também a aparente indiferença, dos dois reunidos na minha praia de sempre
3 E sou igualmente as pegadas de mim no momento presente, fundidas na areia,
4 E os meus pés são o selo, a lacrar a carta ainda fechada da minha vida.
5 Mas sei que existo. E isso faz uma simbólica e significativa diferença
6 No vácuo das ilusões e das promessas impressas na realidade que invento,
7 Porque dentro do momento sou rei. Senhor de mim e do deus do meu querer.

VII

1 Regresso sempre reencontrado e reconhecendo-me no que não vejo
2 Participante na manifestação da vida, encerrada em si enquanto obriga
3 E vejo que a alegria e a Paz, são realmente o lugar onde eu quero estar
4 E o sentido das coisas sem sentido, deixa de fazer sentido para mim
5 E assim destapo o véu da naturalidade, como quem escreve sobre o que não sabe
6 E assim dessa forma esboça, no etéreo, o rabisco assinando pelo que é eterno,
7 Memória de si instante, na forma de uma palavra chamada tempo...

Álvaro Guilherme
08 Março 2009

INVENTAR UM IRMÃO

Irmão,
Quem é que te abandonou?
Quem te voltou as costas,
Te virou a cara e te fechou as mãos?

Quem foi, meu irmão
Que não te quis ver as lágrimas?
Que te fez secar os olhos?
Porque serras os dentes e choras
Quando te tiram o chão que é teu
E te dizem que não?

Onde está a tua dignidade, irmão?
Quando foi que te deram de comer à raiva
E de beber à dor? Quem te enganou
E te tratou como a um cão abandonado?

Diz-me irmão! Preciso de saber
Quem é que te abandonou!
Deixa-me ver!
Quem é que não te amou?
Quem é que te amou?
Quando foi que a vela se apagou...

Porque é que ninguém te dá razão?
Irás tu, morrer de solidão?

Irmão, quem te fez sangrar a alma?

Vem irmão eu digo contigo não!
Vem, dá-me a tua mão. Acorda!


Lembra-te de despertar
Da anestesia e dor
Que já sabes de cor.
Procura por ti na perseverança
E na coragem dos guerrilheiros,
Nas montanhas mais recônditas
Acerca da lenda da ilha do crocodilo.
E não te deixes morder pela cobra...

Porque, sem coragem
Estarás sempre á margem
E longe dos trilhos
Da justiça e da verdade.


Continua
A tua caminhada irmão
E aprende finalmente,
Caminhando,
A caminhar pelos teus pés
E a pisar o chão que te foi retirado.
Esse sonho mais amado
De liberdade e saudade.

Abandona depois
A outra alma desolada,
Na tua cruz mais amada.
Ressaca tudo de uma vez
E acorda decidido a acordar...

...e depois continua, irmão!
Não fiques como uma pedra
À beira do caminho, letárgica
Ao poente. Deixa a tristeza
E encara de frente o sol nascente.
Deixa-O despertar a vida em ti.

Sim irmão, sê valente e não tenhas medo!
EU SOU! Contigo até ao fim dos tempos.

Lembra-te que a revolta só te é útil
Quando é usada para vencer
E que a raiva só te ajuda
Se tiveres amor no coração.
E o ódio é um cancro malvado,
Maligno, silencioso e amargo,
Difícil de tragar!

Liberta-te de uma vida aparente,
À medida de quem lhe convêm
E repara na tua expressão ausente
Abandonada e embriagada
Do veneno que te quer matar.

Vem aprender o amor
Que sempre procuras-te
Nas ruas da desordem e do medo.

Vem ao encontro do sossego
Onde ele é límpido, doce e ordenado
Como o beijo de uma mãe deve ser.
Sóbrio conselho do coração
De um pai amigo, companheiro e sereno.

Se tu quiseres aprender o amor!
Se tu realmente quiseres
Olhar para ele de frente,
Vais vencer a cobardia
Da coragem amordaçada.

Vem irmão, continua!
Dar-me a tua mão!
Ergue o teu coração doce
E agarra o que te faz feliz!

Amo-te.

· Dedico este poema ao povo de Timor e a todos os alcoólicos que sofrem.



Álvaro Guilherme
12 Setembro 1999


"A DIFERENÇA ENTRE UMA PESSOA E UM ANJO
É SIMPLES. A MAIOR PARTE DO ANJO
ESTÁ POR DENTRO E A MAIOR PARTE
DA PESSOA ESTÁ POR FORA."


A verdadeira alquimia

É saber extrair

O que cada um tem de melhor.



Deixo esvair o sonho,
Vazar como uma maré.
Nas noites sem sono
Sem ninguém ao pé.

Velório da ilusão,
Manta de retalhos.
Utopia sem razão
“Carga de trabalhos”.

Sonhar é abstracção
É estar aquém do que é
Desperto na desilusão
Longe de mim e da fé.

É estar adormecido
Despertar de paradigma,
É ser espancado sem sentido
Pela mente em seu enigma.

De manha ao acordar
Pensei ter despertado,
Mas sonhei a vida a passar
Ao largo, sem ter ao meu lado.

Acordei e não te vi, insisti
Buscando quem já não estava,
Chamei e procurei por ti,
Mas junto a mim nada restava.

Nesse momento passional
Jurei assassinar o sonho,
Pleno de uma paixão ocasional
Senti-me num pesadelo medonho.

Mergulhei no conceito do ser,
Do ter “o pão de cada dia”,
Deixar a gratidão permanecer
E ir vivendo sem ter a mania.

Álvaro Guilherme
30 Junho 2009