INVENTAR UM IRMÃO
Irmão,
Quem é que te abandonou?
Quem te voltou as costas,
Te virou a cara e te fechou as mãos?
Quem foi, meu irmão
Que não te quis ver as lágrimas?
Que te fez secar os olhos?
Porque serras os dentes e choras
Quando te tiram o chão que é teu
E te dizem que não?
Onde está a tua dignidade, irmão?
Quando foi que te deram de comer à raiva
E de beber à dor? Quem te enganou
E te tratou como a um cão abandonado?
Diz-me irmão! Preciso de saber
Quem é que te abandonou!
Deixa-me ver!
Quem é que não te amou?
Quem é que te amou?
Quando foi que a vela se apagou...
Porque é que ninguém te dá razão?
Irás tu, morrer de solidão?
Irmão, quem te fez sangrar a alma?
Vem irmão eu digo contigo não!
Vem, dá-me a tua mão. Acorda!
Lembra-te de despertar
Da anestesia e dor
Que já sabes de cor.
Procura por ti na perseverança
E na coragem dos guerrilheiros,
Nas montanhas mais recônditas
Acerca da lenda da ilha do crocodilo.
E não te deixes morder pela cobra...
Porque, sem coragem
Estarás sempre á margem
E longe dos trilhos
Da justiça e da verdade.
Continua
A tua caminhada irmão
E aprende finalmente,
Caminhando,
A caminhar pelos teus pés
E a pisar o chão que te foi retirado.
Esse sonho mais amado
De liberdade e saudade.
Abandona depois
A outra alma desolada,
Na tua cruz mais amada.
Ressaca tudo de uma vez
E acorda decidido a acordar...
...e depois continua, irmão!
Não fiques como uma pedra
À beira do caminho, letárgica
Ao poente. Deixa a tristeza
E encara de frente o sol nascente.
Deixa-O despertar a vida em ti.
Sim irmão, sê valente e não tenhas medo!
EU SOU! Contigo até ao fim dos tempos.
Lembra-te que a revolta só te é útil
Quando é usada para vencer
E que a raiva só te ajuda
Se tiveres amor no coração.
E o ódio é um cancro malvado,
Maligno, silencioso e amargo,
Difícil de tragar!
Liberta-te de uma vida aparente,
À medida de quem lhe convêm
E repara na tua expressão ausente
Abandonada e embriagada
Do veneno que te quer matar.
Vem aprender o amor
Que sempre procuras-te
Nas ruas da desordem e do medo.
Vem ao encontro do sossego
Onde ele é límpido, doce e ordenado
Como o beijo de uma mãe deve ser.
Sóbrio conselho do coração
De um pai amigo, companheiro e sereno.
Se tu quiseres aprender o amor!
Se tu realmente quiseres
Olhar para ele de frente,
Vais vencer a cobardia
Da coragem amordaçada.
Vem irmão, continua!
Dar-me a tua mão!
Ergue o teu coração doce
E agarra o que te faz feliz!
Amo-te.
· Dedico este poema ao povo de Timor e a todos os alcoólicos que sofrem.
Álvaro Guilherme
12 Setembro 1999
Irmão,
Quem é que te abandonou?
Quem te voltou as costas,
Te virou a cara e te fechou as mãos?
Quem foi, meu irmão
Que não te quis ver as lágrimas?
Que te fez secar os olhos?
Porque serras os dentes e choras
Quando te tiram o chão que é teu
E te dizem que não?
Onde está a tua dignidade, irmão?
Quando foi que te deram de comer à raiva
E de beber à dor? Quem te enganou
E te tratou como a um cão abandonado?
Diz-me irmão! Preciso de saber
Quem é que te abandonou!
Deixa-me ver!
Quem é que não te amou?
Quem é que te amou?
Quando foi que a vela se apagou...
Porque é que ninguém te dá razão?
Irás tu, morrer de solidão?
Irmão, quem te fez sangrar a alma?
Vem irmão eu digo contigo não!
Vem, dá-me a tua mão. Acorda!
Lembra-te de despertar
Da anestesia e dor
Que já sabes de cor.
Procura por ti na perseverança
E na coragem dos guerrilheiros,
Nas montanhas mais recônditas
Acerca da lenda da ilha do crocodilo.
E não te deixes morder pela cobra...
Porque, sem coragem
Estarás sempre á margem
E longe dos trilhos
Da justiça e da verdade.
Continua
A tua caminhada irmão
E aprende finalmente,
Caminhando,
A caminhar pelos teus pés
E a pisar o chão que te foi retirado.
Esse sonho mais amado
De liberdade e saudade.
Abandona depois
A outra alma desolada,
Na tua cruz mais amada.
Ressaca tudo de uma vez
E acorda decidido a acordar...
...e depois continua, irmão!
Não fiques como uma pedra
À beira do caminho, letárgica
Ao poente. Deixa a tristeza
E encara de frente o sol nascente.
Deixa-O despertar a vida em ti.
Sim irmão, sê valente e não tenhas medo!
EU SOU! Contigo até ao fim dos tempos.
Lembra-te que a revolta só te é útil
Quando é usada para vencer
E que a raiva só te ajuda
Se tiveres amor no coração.
E o ódio é um cancro malvado,
Maligno, silencioso e amargo,
Difícil de tragar!
Liberta-te de uma vida aparente,
À medida de quem lhe convêm
E repara na tua expressão ausente
Abandonada e embriagada
Do veneno que te quer matar.
Vem aprender o amor
Que sempre procuras-te
Nas ruas da desordem e do medo.
Vem ao encontro do sossego
Onde ele é límpido, doce e ordenado
Como o beijo de uma mãe deve ser.
Sóbrio conselho do coração
De um pai amigo, companheiro e sereno.
Se tu quiseres aprender o amor!
Se tu realmente quiseres
Olhar para ele de frente,
Vais vencer a cobardia
Da coragem amordaçada.
Vem irmão, continua!
Dar-me a tua mão!
Ergue o teu coração doce
E agarra o que te faz feliz!
Amo-te.
· Dedico este poema ao povo de Timor e a todos os alcoólicos que sofrem.
Álvaro Guilherme
12 Setembro 1999
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